Os dados epidemiológicos de vários países mostram que o novo coronavírus afeta as pessoas infetadas de forma muito diferente. Passa quase despercebido em crianças e jovens, leva a maior mortalidade nos homens do que nas mulheres e tem maior gravidade em pessoas mais idosas e/ou com outras patologias associadas, muitas vezes mais do que uma. Num estudo feito nos Estados Unidos em que reuniram informação dos pacientes hospitalizados, verificou-se que cerca de 90% tinha alguma condição associada, sendo esse valor mais elevado na faixa etária superior a 65 anos. Entre as condições mais prevalentes inclui-se a hipertensão e a obesidade, correspondendo cada uma a quase 50% dos casos hospitalizados, doenças metabólicas crónicas, sendo a principal a Diabetes, correspondendo a quase 30% dos casos hospitalizados e doenças pulmonares crónicas como asma (17% dos casos) ou doença pulmonar obstrutiva crónica (11% dos casos). Mas podemos encontrar ainda alguma prevalência em pacientes com doença cardiovascular, neurológica, renal, hepática ou autoimune.
De que forma as características do hospedeiro podem então condicionar a forma como o vírus atua? Estará a genética envolvida na predisposição dos pacientes para evoluírem para um estado mais grave? Serão alterações ao nível da enzima conversora de angiotensina (ACE2), a fechadura que o SARS-CoV2 usa para a sua chave, a proteína Spike? De outras proteínas necessárias à replicação do vírus? Ou serão alterações ao nível do sistema imune do hospedeiro? E como pode a toma de outras vacinas como a BGG influenciar a gravidade da doença? Serão outros fatores adicionais?
Estas e muitas outras questões têm sido colocadas para tentar compreender o diferente grau de gravidade da infeção provocada pelo vírus que veio parar o mundo. A compreensão de um mecanismo que pode ser complexo e que pode envolver diferentes variáveis que estão na base da gravidade da infeção, deverá ser de grande importância no desenvolvimento de novas terapias, enquanto se aguarda a chegada da vacina. Para ajudar à resposta a estas questões serão necessários estudos em larga escala e a partilha de informação entre a comunidade médica e científica de todo o mundo, sendo necessário aos investigadores desta área terem acesso aos dados clínicos detalhados dos diferentes pacientes. Ainda há muito para descobrir, mas já têm vindo a ser lançadas algumas pistas na explicação da diferente sintomatologia.
Há estudos que indicam que a expressão da proteína ACE2 aumenta com a idade, o que pode contribuir para a maior severidade da doença observada em pessoas mais idosas, embora aí a diminuição gradual da resposta imune inata e adaptativa, possa também ter o seu papel. Um estudo recentemente publicado mostra que existe uma maior concentração da enzima ACE2, que serve de recetor para a infeção das células pelo SARS-CoV2, no sangue dos homens, comparativamente às mulheres, podendo explicar a influência do género na gravidade da doença.
No entanto, fatores como diferenças nos hábitos comportamentais (hábitos tabágicos por exemplo), hormonais, ou na regulação da pressão arterial através do sistema renina-angiotensina, podem também estar envolvidos. A obesidade por sua vez, poderá levar ao aumento de moléculas pró-inflamatórias e poderá estar associada à tempestade de citoquinas que pode levar à falência de órgãos em doentes com COVID-19. Essa tempestade citoquinas, assim como a carga viral inicial, poderão estar associadas aos fenómenos trombóticos que tem sido mais recentemente identificado nos pacientes com COVID-19, e que se pensa que possam estar associados à gravidade da infeção.
Será essencial identificar a contribuição que cada um destes fatores possa ter na mortalidade e na morbilidade dos pacientes, para que se torne possível desenvolver no futuro próximo uma terapia cada vez mais personalizada e eficaz.
Odília Queirós, Investigadora do IINFACTS
Fonte: Chinese Center for Disease Control and Prevention
IINFACTS researchers are engaged in a broad public-oriented activity of socio-economic and cultural relevance. These include:
i) Economic and social valorization of knowledge: the unit set up, the Knowledge Transfer Office (BTC-Balcão de Transferência de Conhecimentos).
ii) Health education and promotion: public awareness and knowledge of dental/oral practices and diseases (hygiene, cancer, periodontitis, caries); psychosocial health and needs (detection and report of child abuse and neglect cases); promotion of health knowledge, behavior and practices, particularly among school children; therapeutic drug monitoring; training of health professionals; education of patients; scientific journeys to engage the public with scientific evidence.
Contact us
WEBINAR: Pode o distanciamento social da pandemia COVID-19 influenciar na rotina dos hábitos de saúde bucal e do sono?
WEBINAR GRATUITO
Convidados:
Profª. Doutora Júnia Maria Serra-Negra, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
e
Mestre Sofia Baptista, Mestranda em Ortodontia do Instituto Universitário de Ciências da Saúde, Portugal
A moderação do Webinar vai ser realizada pela Profª. Doutora Teresa Pinho, Investigadora do IINFACTS
18 DE JUNHO 2020 | 15 HORAS
Inscrições (grátis): https://inscricoes.cespu.pt/
Público-Alvo: Académicos e público em geral.
O que determina a gravidade da infeção pelo novo coronavírus?
Os dados epidemiológicos de vários países mostram que o novo coronavírus afeta as pessoas infetadas de forma muito diferente. Passa quase despercebido em crianças e jovens, leva a maior mortalidade nos homens do que nas mulheres e tem maior gravidade em pessoas mais idosas e/ou com outras patologias associadas, muitas vezes mais do que uma. Num estudo feito nos Estados Unidos em que reuniram informação dos pacientes hospitalizados, verificou-se que cerca de 90% tinha alguma condição associada, sendo esse valor mais elevado na faixa etária superior a 65 anos. Entre as condições mais prevalentes inclui-se a hipertensão e a obesidade, correspondendo cada uma a quase 50% dos casos hospitalizados, doenças metabólicas crónicas, sendo a principal a Diabetes, correspondendo a quase 30% dos casos hospitalizados e doenças pulmonares crónicas como asma (17% dos casos) ou doença pulmonar obstrutiva crónica (11% dos casos). Mas podemos encontrar ainda alguma prevalência em pacientes com doença cardiovascular, neurológica, renal, hepática ou autoimune.
De que forma as características do hospedeiro podem então condicionar a forma como o vírus atua? Estará a genética envolvida na predisposição dos pacientes para evoluírem para um estado mais grave? Serão alterações ao nível da enzima conversora de angiotensina (ACE2), a fechadura que o SARS-CoV2 usa para a sua chave, a proteína Spike? De outras proteínas necessárias à replicação do vírus? Ou serão alterações ao nível do sistema imune do hospedeiro? E como pode a toma de outras vacinas como a BGG influenciar a gravidade da doença? Serão outros fatores adicionais?
Estas e muitas outras questões têm sido colocadas para tentar compreender o diferente grau de gravidade da infeção provocada pelo vírus que veio parar o mundo. A compreensão de um mecanismo que pode ser complexo e que pode envolver diferentes variáveis que estão na base da gravidade da infeção, deverá ser de grande importância no desenvolvimento de novas terapias, enquanto se aguarda a chegada da vacina. Para ajudar à resposta a estas questões serão necessários estudos em larga escala e a partilha de informação entre a comunidade médica e científica de todo o mundo, sendo necessário aos investigadores desta área terem acesso aos dados clínicos detalhados dos diferentes pacientes. Ainda há muito para descobrir, mas já têm vindo a ser lançadas algumas pistas na explicação da diferente sintomatologia.
Há estudos que indicam que a expressão da proteína ACE2 aumenta com a idade, o que pode contribuir para a maior severidade da doença observada em pessoas mais idosas, embora aí a diminuição gradual da resposta imune inata e adaptativa, possa também ter o seu papel. Um estudo recentemente publicado mostra que existe uma maior concentração da enzima ACE2, que serve de recetor para a infeção das células pelo SARS-CoV2, no sangue dos homens, comparativamente às mulheres, podendo explicar a influência do género na gravidade da doença.
No entanto, fatores como diferenças nos hábitos comportamentais (hábitos tabágicos por exemplo), hormonais, ou na regulação da pressão arterial através do sistema renina-angiotensina, podem também estar envolvidos. A obesidade por sua vez, poderá levar ao aumento de moléculas pró-inflamatórias e poderá estar associada à tempestade de citoquinas que pode levar à falência de órgãos em doentes com COVID-19. Essa tempestade citoquinas, assim como a carga viral inicial, poderão estar associadas aos fenómenos trombóticos que tem sido mais recentemente identificado nos pacientes com COVID-19, e que se pensa que possam estar associados à gravidade da infeção.
Será essencial identificar a contribuição que cada um destes fatores possa ter na mortalidade e na morbilidade dos pacientes, para que se torne possível desenvolver no futuro próximo uma terapia cada vez mais personalizada e eficaz.
Odília Queirós, Investigadora do IINFACTS
Fonte: Chinese Center for Disease Control and Prevention
Post4.png
Vírus SARS-CoV nas águas
A principal preocupação no sector da água é a possível presença do vírus nas águas de consumo. Desde o início desta crise que várias organizações (OMS, EPA,..) têm mostrado a sua apreensão relativamente à possível presença e tempo de permanência deste vírus nas águas.
Toda a evidência científica até ao momento mostra que a água de consumo está protegida relativamente à presença do vírus. Também de acordo com as últimas pesquisas científicas o risco de transmissão directa da doença Covid-19 via fecal parece ser muito baixo. Até ao momento, não se conhece casos de transmissão do vírus fecal-oral. Apesar desta evidência é importante saber o que acontece ao vírus nas águas residuais.
Estudos preliminares efectuados imediatamente após a detecção do surto na China mostraram a presença do vírus SARS-CoV-1 em fezes humanas, embora não sobrevivesse a temperaturas abaixo dos 20ºC. Laboratórios holandeses conduziram estudos ao novo SARS-CoV-2 e detectaram material genético do Coronavírus nos afluentes de águas residuais de estações de tratamento de águas residuais (ETARs), nessa mesma análise os efluentes tratados mostraram-se, no entanto, livres desse material genético.
Devido à presença fecal de SARS-CoV-2 foi recentemente proposta a detecção qualitativa de SARS-CoV-2 em águas residuais como ferramenta complementar para investigar a circulação do vírus na população. A hipótese de que a quantidade relativa de SARS-CoV-2 nas águas residuais possa estar correlacionada com o número de casos confirmados de COVID-19 foi testada em diversos estudos. A abordagem epidemiológica do tipo “wastewater-based epidemiology” (WBE) pode facultar uma forma eficaz e rápida de prever a potencial dispersão deste vírus pela análise de biomarcadores que entram no circuito de águas residuais. Se o COVID-19 for monitorizado precocemente por WBE na comunidade, poderá haver uma intervenção eficaz e rápida no sentido restringir o movimento de pessoas e minimizar a disseminação do vírus.
Em Portugal existe já um projecto de investigação, Covidetect, coordenado pela AdP – Águas de Portugal, destinado a criar um sistema de alerta precoce à presença do novo coronavírus e potencialmente contribuir para melhorar a resposta face a eventuais novos surtos de doença.
Cristina Morais Couto, Investigadora do IINFACTS
Coronavírus e imunidade: a dúvida dos cientistas
Todas as estratégias de vacinação atualmente em desenvolvimento têm o mesmo objetivo: fazer com que o sistema imunitário da pessoa vacinada passe a reconhecer e eliminar rapidamente o vírus, e isto, por muitos anos.
O nosso organismo tem duas linhas de defesa contra intrusos (vírus, bactérias, outros). Uma linha inata (pronta para atuar), não específica (reage a qualquer intruso), de proteção imediata, mas limitada. É a primeira linha de defesa.
Quando a linha inata não chega para vencer o intruso, o organismo desencadeia a linha adaptativa para proporcionar uma proteção específica e duradoura contra o intruso em causa. Esta linha adaptativa necessita de tempo (3-4 semanas após infeção ou vacinação) para se tornar eficaz. É ainda subdividida em duas sublinhas interligadas: uma humoral e outra celular. A sublinha humoral envolve a produção de anticorpos que vão circular no sangue para neutralizar o intruso. A sublinha celular envolve a formatação de um tipo de células do sistema imunitário em células assassinas, programadas para eliminar especificamente o intruso. Uma fração de células imunitárias de memória guarda informações sobre o intruso, e isto, por muitos anos, para proporcionar, nos próximos contactos com o mesmo, uma resposta mais rápida e mais eficaz.
No que diz respeito ao SARS-Cov 2 (o vírus responsável pela doença COVID-19), como aliás acontece com qualquer intruso novo, os cientistas não sabem ainda qual a sublinha do sistema imunitário que oferece a melhor proteção. Ora, disto depende a escolha e o sucesso da estratégia para desenvolver a vacina que vai impedir a propagação da doença. Daí que várias estratégias estão a ser testadas pelos cientistas.
Hassan Bousbaa, Investigador do IINFACTS
Image2.jpg
A complexidade da interpretação dos testes de diagnóstico do SARS-CoV2
Nos últimos tempos tem-se sabido de casos de pacientes recuperados de COVID-19 e que tornaram a testar positivo para a presença do vírus, tendo-se noticiado a hipótese de ter ocorrido reinfeção, nesses casos. Mas terá mesmo ocorrido reinfeção? E o material viral que foi detetado será infecioso? Que ilações podemos tirar na análise de resultados dos testes de diagnóstico de COVID-19?
O diagnóstico da COVID-19 faz-se através da técnica de PCR em tempo real, o chamado teste molecular, sendo esta a metodologia recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para diagnóstico da infeção, por ser altamente sensível e específica e também por ser aquela que deteta realmente a presença do vírus SARS-CoV2 e não a resposta do organismo à infeção, tal como acontece com os testes serológicos. Estes últimos detetam não o SARS-CoV2 mas sim a presença de anticorpos específicos para este vírus, aparecendo só cerca de 7 dias após o contágio, em média. O seu aparecimento indica que uma pessoa teve contacto com o vírus e tem grande utilidade em estudos de imunidade.
Quanto ao teste molecular, este deteta a presença de ARN viral, o material genético do vírus SARS-CoV2, numa fase precoce da infeção, sendo por isso indicador da sua presença no organismo. Quando o teste dá negativo, indica que a infeção está debelada e a pessoa é dada como curada.
A que se deve então o reaparecimento de um resultado positivo nestes casos? Afinal a pessoa ficou ou não com imunidade?
A líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, já veio dizer que o teste positivo não deverá ser devido a reinfeção, nem à reativação do vírus (outra das hipóteses colocadas), mas sim à presença de vestígios de ARN viral que permaneceram no organismo, provavelmente em células mortas expelidas do pulmão cicatrizado, e que foram detetados nas secreções respiratórias analisadas.
O ARN viral por si só não é infecioso, necessita da cápsula lipo-proteica onde se encontra a proteína Spike que se liga aos recetores humanos ACE2, para o processo de infeção (daí a importância de lavar as mãos). No entanto, se ele estiver presente na amostra, o resultado do teste molecular dará positivo. Trata-se de um método extremamente sensível, que deteta quantidades bastante reduzidas da amostra. Quando investigadores tentaram isolar o vírus em cultura não conseguiram, o que reforça a hipótese que a amostra continha ARN viral, mas não o vírus ativo e infecioso.
Falta agora saber se realmente os pacientes recuperados apresentam imunidade, qual a sua potência e por quanto tempo ela está presente. Para essa resposta será necessário usar os testes serológicos. Tendo em conta que esta é uma doença recente, ainda não é possível fazer o estudo retrospetivo, mas os resultados até agora obtidos indicam que pelo menos até sete semanas podemos encontrar anticorpos.
Em Portugal estão agora a iniciar-se esses estudos com a comunidade portuguesa.
Odília Queirós, Investigadora do IINFACTS
Imagem1.png
Fonte: Nandini Sethuraman et al. Interpreting Diagnostic Tests for SARS-CoV-2. Journal of the American Medical Association. Publicado online a 06/05/2020
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=3018924914823415&id=157003954348873&__tn__=K-R
CESPU - 5 Salas . 5 Filmes Saúde: "Prevenir o Cancro da Mama"
A CESPU através da Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa, Pólo IINFACTS - Penafiel, associada ao projeto do Museu Municipal de Penafiel - 5 Salas. 5 Filmes vai exibir no próximo dia 24 de janeiro, um vídeo: [IN VIVO] "Prevenir o Cancro da Mama".
CESPU - 5 Salas. 5 Filmes Saúde: Documentários "Demências - Problema prioritário de saúde pública"
A CESPU através da Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa, Pólo IINFACTS - Penafiel, associada ao projeto do Museu Municipal de Penafiel - 5 Salas. 5 Filmes vai apresentar no próximo dia 13 de setembro, documentários sobre a temática "Demências - Problema prioritário de saúde pública”.
Simposio Europeo: Abordaje del Tabaquismo en la Clínica Dental
Simposio Europeo: Abordaje del Tabaquismo en la Clínica Dental
CESPU - 5 Salas. 5 Filmes Saúde "Lágrimas e Suspiros"
A CESPU através da Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa, Pólo IINFACTS - Penafiel, associada ao projeto do Museu Municipal de Penafiel - 5 Salas. 5 Filmes, iniciou no passado dia 12 de abril um novo ciclo de cinema dedicado à área da saúde. O 3º filme será exibido no próximo dia 14 de junho e tem como temática: “Comunicar conVida”.
CESPU - 5 Salas . 5 Filmes Saúde "A Outra Margem"
A CESPU – Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa, associada ao projeto do Museu Municipal de Penafiel - 5 salas. 5 Filmes, iniciou no passado dia 12 de abril um novo ciclo de cinema dedicado à área da saúde. O 2º filme será exibido no dia 17 de maio e tem como temática: “Orientações sexuais e identidades de género”.
Pages